sábado, 1 de maio de 2010

DISPARIDADES NA EDUCAÇÃO

Quando se fala em educação, são colocados exemplos de variadas experiências, nas quais, em sua grande maioria, citam a escola pública como sinônimo de educação deficitária, sendo raras (e sempre as mesmas) exceções apontadas. Parece ser um problema de difícil solução, já que há tanto tempo discute-se como solucioná-lo.Um dos maiores problemas está na “lógica de mercado” (MENEZES, 2007), na qual a grande maioria das instituições públicas de ensino se colocaram, onde ao invés de “combater os focos de disparidades”, acabam por adotar práticas que contribuem para ampliação de tal quadro, tornando-o um “círculo vicioso”, que faz com que aqueles que mais necessitam do acesso à educação de qualidade acabem por não recebê-la. Um dos maiores indicadores que encontramos dessas disparidades é o vestibular das universidades públicas, onde uma altíssima porcentagem daqueles que acabam por ocupar as carteiras das salas de aula são alunos oriundos da rede privada de ensino.
Outros pontos importantes são as condições encontradas pelos educadores e as perspectivas que aqueles que iniciam a formação encontram. O desprestígio, as perspectivas de baixas remunerações e as péssimas condições de trabalho que muitos encontram desestimulam aqueles que estão em formação, e desanimam muitas vezes aqueles que já se encontram em pleno exercício. Isso acaba refletido na qualidade de muitos cursos de Pedagogia ou licenciatura, que são questionáveis, e muitas vezes atraem o professor porque o mesmo sabe que a lei o obrigará a ter uma formação no Ensino Superior. Não há um incetivo oficial para que o profissional da escola pública busque aperfeiçoar-se, e mesmo este tendo o interesse, muitas vezes não há condição econômica para tal, nem mesmo um programa de financiamento claro e com pouca burocracia. Explica-se aí também o fato de muitos professores, em diversos níveis, trabalharem em mais de um período, o que acaba sobrecarregando-o e prejudicando o seu desempenho. É claro que certamente encontramos educadores dedicados e que se empenham para desenvolver (e desenvolvem) trabalhos magníficos em escolas públicas, com práticas dignas de aplausos, em todos os sentidos. Entretanto, estes profissionais (que muitas vezes não são vistos como tal dentro da rede ou por seus superiores), acabam sendo seduzidos por propostas mais vantajosas economicamente (sem que isto queira dizer o abandono do trabalho na escola pública).
Outro ponto a ser abordado é a falta de incentivo ao estudo e a pesquisa nas escolas públicas, principalmente nas escolas situadas nas regiões mais periféricas, onde há maior carência por conhecimento científico. Eu me lembro de raras vezes em que tenha sido incentivado a pesquisar algo durante meus estudos na rede pública. Apenas quando estava no magistério que em algumas raríssimas vezes o fomos. Um aluno entra no Ensino Fundamental I e conclui o Ensino Médio sem saber desenvolver uma pesquisa simples, com a idéia de que pesquisa é apenas copiar algo de algum meio de comunicação, que alguém já pensou, sem o menos refletir sobre o que o autor diz, se concorda ou não com o que está escrito, não questionando de maneira nenhuma o que está escrito, tendo aquilo como verdade absoluta, acabando como a maior vítima de tal sistema.
Por causa destes e outros pontos mais, a escola pública acaba desempenhando um papel muito aquém do que aquele que poderia e deveria. Devido a grandes diferenças no ensino da rede pública e da rede privada, os alunos que tem na escola o único local para a busca da educação de qualidade e busca do conhecimento científico, acabam tendo uma formação que não os permite desempenhar sua plena cidadania, sendo pessoas que vivem numa sociedade regida por regras as quais muitos desconhecem ou não compreendem seu verdadeiro significado, tornando-se alienados em muitas situações essenciais para sua própria vida.
É preciso repensar toda a estrutura do ensino brasileiro, tanto da rede privada quanto da rede pública, para promover a todos o acesso a educação de qualidade. É preciso que se invista no material humano, ou seja, na formação do professor e do aluno, na continuidade de seus estudos, no reconhecimento e prestígio devidos e às condições de trabalho docente, para que o educador possa desenvolver sua prática pedagógica de maneira a dar subsídios ao educando, para que o mesmo tenha condições de superar os níveis escolares e possa partir para o nível superior em igualdade de condições com todos, desempenhando conscientemente seu papel na sociedade.

Um comentário:

  1. Ecsrevi este texto na faculdade e achei também um assunto interessante a ser tratado, até porque influi diretamente no trabalho do professor no que diz respeito as discussões sobre como trabalhar cada tema na escola, incluindo a questão relacionada a diversidade na escola.

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