quarta-feira, 31 de março de 2010

Cidadania ativa e cidadania passiva


A cada dia vemos mais e mais situações em que pessoas ou a mídia fala em cidadania, em ser cidadão. Já que é um conceito tão “na moda” atualmente, qual seria o real significado da palavra cidadania? Será o significado tão simples como é veiculado nos meios de comunicação e propagado nas conversas rotineiras entre os ditos cidadãos?
O conceito de cidadania tem sido muito deturpado ao longo dos anos, parte pela falta de interesse da sociedade, parte pela falta de interesse da classe dominante em fazer com que todos reflitam a respeito.
Quando se fala em cidadania, em qualquer ocasião, sempre se remete a questão de direitos e deveres. Todos, como cidadãos que somos, temos nossos direitos e também nossos deveres. Entretanto, ater-se apenas a direitos e deveres é nada mais que pensar única e exclusivamente em si mesmo, pois se trata apenas de pensar o que devemos fazer para conseguirmos algum benefício próprio, já estabelecido previamente por leis, tratados, acordos, etc. Este tipo de participação cidadã nada mais é do que uma mera participação passiva na sociedade, pois não fazemos nenhum (ou quase nenhum) tipo de esforço para mudar as situações que acompanhamos cotidianamente. Portanto, penso que se faz urgente uma mudança de pensamento e conceito a respeito do que é cidadania e como exercê-la de maneira consciente e eficaz.
A escola e nós, educadores, temos tentado criar no educando uma “consciência cidadã” durante todo o processo de educação formal. Contudo, será que temos contribuído para formar cidadãos ativos ou cidadãos passivos? Confundimos, tanto na escola quanto na sociedade, cidadania ativa com cidadania passiva, pois pensamos que ser um cidadão ativo é apenas requerer o cumprimento das leis, observando direitos e deveres da pessoa humana. Penso que é exatamente este o ponto de reflexão que tanto a escola quanto nós, educadores, devemos estar centrados, pois acabamos difundindo este pensamento, perpetuando a cidadania ativa ligada apenas à cobrança de direitos, quando deveríamos tentar criar nos educandos e consequentemente na sociedade a consciência de que o termo cidadania está intimamente ligado à política, e, portanto é algo que remete a nossa participação na vida de toda a sociedade, visando o seu crescimento e aprimoramento, deixando de lado o individualismo e colocando a visão do todo em primeiro lugar.
Outra questão é digna de uma boa reflexão: quem deve exercer seu papel de cidadão? Claro que pessoas já na fase adulta têm que exercer sua cidadania da melhor maneira possível, mas será que crianças estão aptas a desenvolver sua cidadania? Claro que sim. Penso que é desde a infância que deve ser despertada a consciência de que todos devem ter um papel ativo e transformador na sociedade. Respeitadas as especificidades e potencialidades de cada estágio do desenvolvimento humano, consegue-se realizar o trabalho de conscientização cidadã em cada um dos envolvidos no processo, independentemente de sua idade, observando a todos como sujeitos do processo de cidadania. E o nosso desafio, escola e educadores, nesse contexto, é fazer com que os educandos exercitem a cidadania desde cedo, sem pensar que isso deva ser feito somente como preparação para a idade adulta, para que os mesmos possam participar das decisões que influam diretamente no seu dia-a-dia, tornando-se assim cidadãos ativos.

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